O traçado urbano é um componente importante nos custos monetários de implantação de loteamentos.
Vejamos o que diz Mascaró (1994) sobre os traçados abertos e fechados.

Malha Urbana Fechada


Do ponto de vista econômico, e em princípio, todos os traçados não-ortogonais (exemplos b e c), têm custos maiores que os ortogonais e apresentam taxas de aproveitamento menores porque forma glebas irregulares, significando assim uma dupla "deseconomia". 
Seus custos são ainda superiores porque os quilômetros de vias necessárias para servir uma mesma área urbana são maiores, e o perímetro dos quarteirões aumenta na medida em que nos afastamos do quadrado. Os cruzamentos, por serem atípicos, também terão maior superfície a ser pavimentada.
Em resumo, quando abandonamos o modelo da quadrícula ortogonal, podemos dizer que, pela quantidade de metros de vias e redes em geral, por lote servido, teremos um custo de 20%-50% maior do que com malhas ortogonais.


Malha Urbana Aberta e Semi-Aberta

Nessas malhas, para áreas urbanas iguais são necessários menos quilômetros de vias e mais lotes servidos, se usadas criteriosamente. Em geral, a quantidade média de lotes por hectare tem um crescimento de 17% em relação às malhas fechadas; simultaneamente, a quantidade de área ocupada pelo sistema viário se reduz algo em torno de 11%. No conjunto, o o custo de implantação de cada lote diminui entre 20%-25%, só por se adotar o critério de rede de malha aberta em lugar da malha fechada convencional.

Nota:
Para o projeto de um Eco-bairro é preciso considerar outros fatores além daquele estritamente monetário, como por exemplo, os fatores de melhor sustentabilidade ambiental:
  • melhor adequação à topografia; 
  • melhor drenagem natural; 
  • menor erosão do solo; 
  • melhor distribuição de vias de circulação verde: pedestres, ciclovias, transportes coletivos elétrico, etc.

Adequação de traçados à topografia: 

Traçado Introverso
Traçado Extroverso

  


Exemplos de Implantação 1 -

Neste caso, a colocação da retícula de forma perpendicular às curvas de nível pode criar altas velocidades de escoamento e consequentemente novos processos erosivos.










Exemplo de Implantação 2 -
Neste caso, ocorre a diminuição da velocidade devido ao desencontro de ruas.















Exemplo de Implantação 3 -
Neste caso, ocorre a diminuição da velocidade devido a colocação da malha em diagonal em relação às curvas de nível, o que gera a diminuição da declividade. Porém, como a declividade pode ficar muito baixa, existe a possibilidade de ser necessário implantar valetas ou bocas de lobo. 










Fonte: MASCARÓ, J.L. Manual de loteamentos e urbanizações. Porto Alegre: SAGRA-DCLuzzato, 1994.



Para tratar o solo na perspectiva de um eco-bairro 


1 - Evitar ao máximo as terraplenagens - 

a. Usar a criatividade e adaptar seu projeto à topografia e não a topografia ao seu projeto;
b. Demarcar os lotes sem retirar a vegetação e o solo superficial. Somente retirar a vegetação e o solo superficial, se realmente necessário, no momento da construção de cada edificação, ou seja, lote a lote;
c. Em terrenos com declividade acima de 30% (17º) adotar lotes com a maior dimensão paralela às curvas de nível e estimular que as habitações tenham a parte frontal apoiada sobre pilotis (ou expedientes equivalentes), assim evitando encaixes profundos na encosta;
d. Em terrenos muito inclinados reduzir o número de ruas a nível, devendo ser privilegiado o acesso a pé às moradias. As ladeiras perpendiculares às curvas de nível deverão ser descontínuas.
e. Não implantar loteamentos em terrenos com declividade superior a 57% (30º). Acima dessa declividade criar áreas verdes reflorestadas permanentes.

2 - Caso alguma terraplenagem seja mesmo indispensável - 

Retirar antes a capa de solo superficial (mais ou menos 100 cm) e estocá-la, para depois utilizá-la no recobrimento de áreas terraplenadas a serem protegidas com vegetação. O solo superficial é o solo de melhores características agronômicas e construtivas: mais fértil, mais resistente à erosão e melhor para compactar.

3. Declividades do Terreno: escoamento e uso.




4 - Pavimentação e drenagem:

Logo de imediato à abertura, promover a pavimentação das ruas e a instalação do sistema de drenagem das águas pluviais.

5 - Proteção de taludes e aterros: 

Taludes de cortes e aterros resultantes de terraplenagem deverão ser de imediato protegidos com pintura de calda de cal. Mais tarde essa proteção poderá ser substituída por alguma opção vegetal de caráter paisagístico.

Construção de vias e residências nas encostas cortando o mínimo possível o terreno. Fonte: Mascaró (2010).

Os terraços devem ser feitos sempre em corte e nunca em aterro. Mascaró (2010).

Possíveis soluções para evitar deslizamentos de terra nas encostas. Mascaró (2010).

6 - Programação de terraplanagem: 

Programar os eventuais serviços de terraplenagem para os meses menos chuvosos, de forma que na época das chuvas as superfícies de solo porventura expostas já estejam devidamente protegidas.

Fonte: SANTOS, Álvaro Rodrigues dos. Loteamentos podem deixar de ser os vilões da erosão urbana. In www.ecoterrabrasil.com.br. Acesso em 08/01/2013.